Ah, os casamentos! Não resisti em parafrasear o Lulu Santos, este texto
merece!
Para quem não sabe, sou romântica! Já sei, não parece! Só quem me conhece
bem pode perceber. Mas, agora, confesso publicamente: sou romântica sim! Pronto,
falei!
Desde que cheguei, há quatro meses, que coleciono fotos de casamentos
moçambicanos. Vou explicar. Por aqui os casamentos ocorrem de uma maneira bem
diferente da nossa. As cerimônias, geralmente, ocorrem pela manhã e, logo após,
todos saem em cortejo para algum local no qual serão tiradas fotos para o
típico álbum de casamento. O local escolhido pode ser numa praia ou num jardim.
É uma comitiva: os noivos, seus pais, damas e pajens e muitos convidados. A
comitiva mais curiosa que vi foi num supermercado: os noivos entrando com as
daminhas e o cinegrafista na frente a registrar a entrada! Infelizmente fiquei
com vergonha de fotografar.
A primeira vez que vi estes cortejos foi na praia, em Maputo, entretanto
era bem restrito, somente os noivos e seus pais. Não me chamou muita atenção, a
não ser pelo fato de todos caminharem na direção do mar, numa passarela de
cimento.
Depois disto, fui presenteada numa manhã de domingo com três casamentos. Estes
foram o máximo! Estava eu um dos meus passeios domingueiros, a pensar na vida, quando ouço um coro a
cantar em um língua incompreensível. Fiquei curiosa e fui em direção ao som.
Logo ao chegar vi a cena: o casal e muitos convidados, creio que padrinhos (as mulheres
estavam com a mesma roupa), em fila a cantar. Fiquei intrigada e fotografei. Em
alguns momentos paravam de caminhar e ficavam a cantar e dançar!
Quando achei que já havia visto tudo, ouço um novo coro! Voltei e vi entrar
no Jardim dos Namorados o casal (ela vestida de branco, véu, grinalda, buquê,
etc) e muitas pessoas em fila, atrás nos noivos, a cantar e a dançar. Fiquei mais encantada. Não se
intimidavam aos olhares curiosos dos visitantes estrangeiros do parque.
Continuaram a cantar e a dançar. Um coro afinado, bem ensaiado, lindo! Enquanto
ficavam cantando os noivos iam fazendo as fotos. Nisto são iguais a nós, as
fotos bem tradicionais de álbum de casamento. Todos participam das fotos:
família, padrinhos e convidados.
Enquanto este cortejo seguia seu caminho pelo parque, ouvi mais música, do
lado de fora. Fui olhar, pois já me sentia uma paparazzi (risos). Fui muito
legal! Vi chegarem os carros, com os convidados cantando e desciam dançando e cantando.
Uns jovens fizeram uma roda e começaram a dançar. Muito animados! A mim lembrou
dança tribal. Este foi o casamento mais chique, percebia-se pelo vestido da
noiva e das damas. E que família animada: não paravam de dançar e cantar!
Filmei tudo! Irresistível! A única coisa chata é que não entendia nada do que
cantavam. Uma das convidadas veio falar comigo. Expliquei que era brasileira e
que estava achando tudo muito lindo e perguntei se cantavam em Changana*. Ela me
confirmou.
Em agosto, numa visita a praia de Xai-Xai, me deparo com outro casamento!
Lógico que fotografei! Daí ter iniciado o texto afirmando ser uma colecionadora
de fotos de casamento. Estes estavam na areia da praia. As fotos certamente
ficarão lindas, pois usaram o azul do oceano índico como fundo. Amei!
Um mês depois, de volta a Xai-Xai fui passar um domingo na praia. Já
cheguei brincando sobre casamentos. Não demorou muito veio o primeiro! Família
tímida, caminharam, fotografaram e saíram rápido. Um tempo depois chegou outro
cortejo, muito animado! Cantaram, caminharam, fotografaram. Algumas convidadas,
muito jovens, arriscaram a molhar os pés nas águas do ïndico. E eu lá, a
fotografar! Para mim é simplesmente irresistível! rsssss
E então, sou ou não uma romântica incorrigível?! Só me falta agora
encontrar o tal príncipe encantado e pedir a Deus para que, desta vez, não vire
sapo. Afinal, como diria meu pai, ninguém merece dois sapos na vida!
Beijos a todos os apaixonados e apaixonantes,
Meus agradecimentos especiais a meu colega de trabalho e professor da
cultura e etiqueta moçambicana, Marcelino Matola, pelas explicações dadas
acerca dos casamentos
*Changana é a língua nativa dos habitantes do sul do país. Praticamente todos são
bilingues: falam changana e português. Entretanto, na intimidade, preferem o
Changana.
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