domingo, 29 de julho de 2012

As palavras da semana: solidariedade e superação

Essa semana foi diferente. Iniciei com uma crise leve de Labirintite. Com isto lá fui eu conhecer o sistema de saúde de Maputo. Não vi grandes diferenças. O médico era bem atencioso, fez todos os exames clínicos, me encaminhou para o laboratório. Tive que fazer exame de sangue para descartar a possibilidade de Malária. Sobre isto cabe uma observação
Aqui não temos leões, elefantes ou tigres andando pelas ruas, mas a Malária é um receio real e mata mesmo. Basta sentirmos uma dor de cabeça para que os colegas moçambicanos já nos façam perguntas sobre os outros sintomas. Eles conhecem todos os sintomas da doença. Os brasileiros residentes em Maputo fazem exames constantemente, basta ter dois dos sintomas. Parece a Dengue no Brasil.
Bem, voltando ao médico. Descartada a Malária fui encaminhada a um Otorrino. Lá fui eu a caminhar, pois o hospital é enorme. No mesmo sítio (lugar) tem vários prédios: farmácia, pronto atendimento, exames e em outros prédios funcionam as clínicas com suas especialidades, Muito prático! Pelo que entendi o hospital atende ao serviço público e ao privado. Os preços é que são estranhos. Paguei o equivalente a R$10,70 pela consulta com o clínico. Nesta consulta fui auscutada, verifiquei a pressão arterial e o médico olhou pra mim (coisa que nem sempre ocorre no Brasil). Já para o exame de sangue, paguei, R$11,80. O resultado saiu bem rapidinho.
Mas, no quesito especialidade os valores mudam: consulta R$ 97,00, exames específicos: R$ 965,00! Pois é... ficar doente não é barato. Ainda bem que o atendimento foi bom. Nessa brincadeira passei boa parte do meu dia no hospital. Depois fui casa dormir.
Outra coisa legal que tem aqui é que os remédios são vendidos de forma fracionada. O médico prescreve a quantidade e na farmácia eles abrem a caixa e te vendem somente a quantidade certa. Sai mais barato e a gente não fica colecionando remédio velho. Gostei!
Na sexta-feira estava melhor e fui trabalhar. Meio perda de tempo, pois estava bêbada (sem nem olhar para a cerveja!) e o que fiz errei! A noite fiz um programa diferente do meu habitual, fui a um desfile de moda! Programinha calminho para uma convalescente (rssss). O legal deste desfile é que teve um cunho de solidariedade. Era a apresentação de sete novas estilistas, todas portadoras de deficiência física (observem na fotoaolado).
Foi o desfile da superação. Foi-nos possível ver que com determinação, coragem e ajuda, muitas barreiras podem ser vencidas (E eu a reclamar de uma Labirintite!). As roupas eram simples, não havia a proposta da glamour, mas sim de superação e possibilidade de viver do seu próprio talento e trabalho.
Foi um programa interessante, além dos desfiles tivemos duas apresentações de dança (uma tribal e outra contemporânea), um cantor e desfiles de mais sete estilistas consagrados por aqui. Gostei, conheci mais um lado moçambicano novo ao meu olhar!
Parece que o mundo da moda é comum a todos os continentes. O público era bem descolado! Tinha gente vestida de todos os jeitos: básicos, estilosos, com chapéus e echarpes, botas, sobretudo, muito salto altíssimo, brilhos e que mais possamos imaginar. O bom destes eventos é que a gente não precisa se preocupar com a roupa, se tiver atitude, qualquer coisa vale!
Bem, infelizmente a Labirintite ainda não me largou, passei o final de semana em casa, dormindo. Um saco! Neste domingo não deu meu passeio habitual para recarregar a bateria. Mas, é assim mesmo! Agora é recuperar, voltar ao batente e ss observações do cotidiano da cidade. Quando ficar bêbada, sem beber, me lembrarei das palavras que, para mim, marcaram no desfile: solidariedade e superação.
Abraços e meus desejos de uma semana maravilhosa

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Hoje eu não quero sofrer, hoje eu não quero chorar. Deixei a tristeza lá fora, mandei a saudade esperar…

Maputo, 22 de julho de 2012, domingo

Hoje acordei com esta marchinha de carnaval na memória. Vieram lembranças dos carnavais da infância e muitas lembranças do meu pai. Manhã de domingo, recheada de lembranças, grande risco de tristeza. Aí resolvi mandar a saudade esperar e saí a caminhar. O dia estava lindo: sol e frio, do jeito de que gosto.
Agora estou num dos vários jardins de Maputo, sentada numa cafetaria (café) com a bela vista do Oceano Índico. Gosto muito deste local, sempre me traz paz e inspiração. Vim para cá fazer meu “pequeno almoço” (breakfast, em inglês; café da manhã, no Brasil). Estou bem acompanhada: um livro do Mia Couto, belíssima paisagem, boa música, um bom café e um dia lindo! Bom lugar para recarregar a bateria emocional.
Maputo tem destas coisas: dias frios e ensolarados, ótimos para um passeio a pé pelas ruas e jardins. Gosto muitos dos jardins e hoje irei falar um pouco do que já vi. A escolha deste domingo é o Jardim dos Professores, um pequeno parque (como as praças do Rio de Janeiro) a alguns minutos de onde moro. Um local muito agradável: miúdos (crianças) a brincar, pessoas a tomar café, ler ou conversar, espaço para jogos de tabuleiro (gamão, damas, etc), um tabuleiro gigante de xadrez com suas peças, brinquedos e areia para a garotada, enfim um espaço muito aprazível, fincado no numa área central da cidade.

Também gosto muito de me refugiar no Jardim dos Namorados (mesmo sem ter um. Rssss). É bem maior, com pontes de madeira (naquele estilo romântico de praça) e arcos de arbusto (Não sei o nome, mas é aquele arbusto que temo no Brasil e que fazem podas ornamentais). Também com cafetarias e uma bela vista do Oceano Índico. Local ideal para fotos de casamentos. Já presenciei vários momentos deste tipo. Mas aí tem assunto para uma nova postagem. Fiz alguns vídeos que preciso deixar mais leve para poder postar.
Os jardins me remetem a infância – as brincadeiras na pracinha do bairro, aos passeios pela Quinta da Boa Vista (Adorava rolar na grama!), as brincadeiras no Aterro do Flamengo, Parque laje, etc. Tantas lembranças vem a tona quando fico sentada a olhar os miúdos a brincar. Olhar o mar me traz paz e saudosismo, sem tristeza. Bom demais! Gosto de observar as pessoas e as paisagens. Hoje farei muitas fotos para ajudá-los a ter uma imagem das minhas palavras.
Voltemos a descrição! Maputo é uma cidade interessante, com muitos contrastes, por isto quem vem do Brasil não estranha muito. Percorremos ruas e avenidas largas, entretanto mal conservadas (muitos buracos nas calçadas e no asfalto), lixo espalhado no chão e, em alguns locais, com água servida a correr pelos cantos das ruas. A conviver com esta infraestrutura temos muitas livrarias (só perto da minha casa tenho três), jardins e cafés: um misto de Europa e América do Sul. Como já mencionado em outra postagem, aqui convivem as diversas etnias e confissões religiosas: acabar por ser uma cidade multirracial, um misto de São Paulo e Nova York.
Hoje estou assim lembranças, vivências e expectativas (passado, presente e futuro), um turbilhão de emoções, típicos de uma pisciana numa manhã de domingo! Agora deixo-vos com as fotos e seguirei a caminhar pelo jardim. Preciso encharcar meu olhar com a paisagem e o sorriso das crianças e meus ouvidos com suas vozes a brincar. Amo o sotaque lusitano na voz de uma criança!

Uma óptima semana a todos 

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Minha pátria é minha língua!

Escolhi iniciar com o samba da minha Mangueira, pois fala exatamente da mistura entre o Português lusitano e o Português brasileiro. “Meu idioma tem o dom de transformar”, diz a letra do samba e é isso mesmo! Nosso idioma é tão rico que se modifica a cada pátria. Usando a frase do Caetano Veloso que dá título a esta postagem, cada pátria tem sua língua. É impressionante a riqueza da nossa bela língua portuguesa.
Por mais incrível que seja, a língua é um dos meus entraves em Moçambique. Por aqui falam muito rápido e com sotaque lusitano, aí complica para entender. Além disto, tem as palavras com significados diferentes, são muitas, como mostrei ao falar sobre restaurantes.
Me enrolo e dou muita risada. Quando foram instalar a TV a cabo lá em casa foi uma comédia. Fizeram o trabalho: puxa cabo pra cá. Puxa cabo pra lá e eu a olhar. Ao final o gajo (rapaz) da instalação me perguntou se eu tinha uma ficha, prontamente fui pegar o formulário do contrato e entreguei a ele. O cara olhou para mim como quem olha um ET! rssss Aí percebi que não era um papel. Após algumas explicações, compreendi: ele queria: uma extensão para ligar a TV e o descodificador! É mole!?
E assim vamos a tentar nos entender na língua de Camões. Sempre que converso com alguém tem os momentos do “quê?” ou como se diz por aqui “não percebi!”. Ouço muito esta expressão, pois nem sempre eles entendem o que falo. Ainda tem o detalhe da escrita. O país ainda não assinpou o acordo ortográfico, dessa forma, aqui se escreve: óptimo (ótimo), contacto (contato), director (diretor), e por aí vai. Ainda bem que tenho um tradutor de escrita. Escrevo do meu jeito e ele arruma!
O idioma moçambicano, assim como uma extensão do português é belo e rico. Vamos a algumas palavras:
No escritório:
Planejamento – planificação
Monitoramento – monitoria
Grampeador – agrafador
Pen drive – flash
Em casa:
Guarda-roupa – guarda-fatos
Geladeira – geleira
Banheiro – casa de banho
Na rua:
Lavanderia – lavandaria
Cafeteria – cafetaria
Carro – viatura
Estacionamento – guarda viaturas
Auto-escola – escola de condução
Motorista - condutor 
Ônibus – autocarro
Transporte coletivo – chapa (pode ser ônibos, micri-ônibos, Vam, etc),
Aos poucos irei incorporando mais palavras ao nosso dicionário. Agora, para animar a semana, tem um desafio. Reescrevam a frase a seguir em brasileiro: Após usar a pia, favor puxar o autoclismo. Não vale procurar no Google!
Bjs e boa semana a todos

sábado, 14 de julho de 2012

Caminhando e cantando e seguindo a canção. Somos todos iguais, braços dados ou não!

Bom dia família e amigos

Optei por usar parate da canção do Geraldo Vandré para dar título a conversa de hoje, pois ela reflete bem meu sentimento atual.
Hoje acordei cedo para ir até o ginásio (academia) caminhar no tapete (esteira). Este era o meu propósito para o sábado. Entretanto, ao sair da cama fiquei a pensar que seria muito chato andar sem sair do lugar, olhando para a mesma paisagem e ouvindo aquela música de academia durante uma hora seguida. Não, nem pensar!
Coloquei meu tênis, uma roupa confortável e fui praticar meu esporte favorito: conhecer o comércio popular da cidade! Em praticamente todas as cidades que conheço dei um jeitinho de ver como era o centro, ver as pessoas do povo. Meu pai diria: cada doido tem sua mania! Esta é a minha!
Bem, lá fui eu avenida abaixo a procura do Mercado Central de Maputo. Andei pra caramba hoje, muito mais do que faria na esteira. No caminho até o Mercado vi gentes de todos os jeitos, ouvi os mais diversos sotaques, idiomas e dialetos, Foi muito bom! Encontrei todo tipo de comércio: eletrônicos, eletroportáteis, roupas, (in)utilidades domésticas, sapatos, bolsas, lojas especializadas em roupas para muçulmanos (pensei em fotografar a loja, mas fiquei com receio) – cada roupa linda!
Por falar em muçulmanos, perdi as contas de quantas lojas com o nome Muhamed eu vi no caminho. Me lembrei dos mercadinhos Shalom da Zona Norte de Natal!
Posso dizer que o comércio popular de Maputo é um misto de Rua da Alfândega, com 25 de março, Mercadão de Madureira (antes da reforma) e Alecrim! Uma confusão interessante. Tem uma rua com vários alfaiates costurando na rua, Camelôs com suas mercadorias no cão. Uns andam com as mercadorias penduradas pelo corpo. Quis fotografar, mas se você parar e olhar para um ambulante ele não larga mais do seu pé! Fica atrás da gente a falar: mamá brasileira, venha apreciar!
Andei, andei, fotografei um pouco até que finalmente cheguei ao mercado. Que decepção! Está em reforma! Vi o prédio de longe, é lindo! A solução encontrada pelos comerciantes foi levar seus produtos para a rua, num local fechado: tipo cemelódromo. Lá fui eu!
Lá tem de tudo: comida pronta, legumes, verduras, frutas, peixe, cosméticos, perucas (isso mesmo, perucas para todos os gostos!), produtos industrializados, artesanato local, etc. Uma babel de mercadorias, Ao redor deste espaço muitos camelôs a vender produtos piratas: bolsas, perfumes, CDs, DVDs.

Enquanto caminhava por entre as “lojas” fiquei a pensar na minha família. Minha mãe diria: Que baraaaaaato! Ela adora uma muvuca! A Luisa ficaria com a cara fechada e diria: Eca mãe, você tem cada ideia! E papai diria: Porra, você ainda não cansou de ver isso?! Vamos embora, é tudo igual! É, meus amigos, seria exatamente assim.





Esta foi minha diversão da manhã desabado. Caminhei das 8h30 às 12h. Cheguei em casa, tomei um bom banho para refrescar, mas estou com o rosto vermelho até agora. Foi ou não foi melhor que a academia?!
Beijos a todos e um ótimo sábado. Acho que esta noite irei ao teatro.

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Pai, você não vai acreditar, mas hoje eu comi prego no prato!

É verdade! Meu almoço de hoje foi prego no prato. A Marisete, nutricionista, minha companheira de trabalho, comeu prego no pão!
Calma aí, galera! Esta não é a nova dieta da moda! Também não é uma daquelas simpatias “infalíveis” para perder peso. Ainda sonho em encontrar uma fórmula mágica...
Vamos aos esclarecimentos. Apesar de falarmos o mesmo idioma, o português, temos inúmeras expressões diferentes. O local onde isto fica mais gritante é o restaurante. Podemos iniciar nossa refeição com uma entrada de tostas, depois irmos ao nosso prato principal, um delicioso prego no prato, acompanhado por um sumo ou um refresco e concluir com uma xávena de café. Que tal?

Traduzindo para o brasileiro: iniciaremos com umas torradinhas, depois comeremos um delicioso bife de alcatra com fritas, ovo frito e salada, acompanhado com um copo de suco ou refrigerante e podemos concluir pedindo uma xícara de café.





Assim que cheguei aqui precisava muito da Marisete para traduzir o menu (aqui não se diz cardápio), pois existem diversos termos que não conhecemos no Brasil. Ainda preciso da ajuda dela. Uma boa dica é perguntar ao garçom e torcer para ele falar devagar. Caso contrário, ficarás sem entender, pois os gajos (rapazes) falam muito rápido e com sotaque lusitano.

Anotei alguns termos que vou socializar com vocês:
Dose de fritas = porção de fritas
Mariscos = frutos do mar
Espetada = espetinho
Panado = empanado, à milanesa
Cerveja na pressão = chopp
Refresco = refrigerante
Sandes = sanduíche
Tosta = torrada
Filete = filé
Bom, por hoje é só. Vou tomar minha xávena de chá e assistir aos capítulos finais da novela Passíone.
Bom final de semana a todos.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Música moçambicana para o final de semana

Olá amigos

Por aqui não ouço muito rádio, mas descobri que existe um tipo de música e dança típica na região sul do país. Exatamente onde me encontro agora. O estilo chama-se Marrabenta.

O cantor é muito conhecido por aqui, vejo diversos comerciais de TV com ele, chama-se Stewart Sukusa e completa 30 anos de carreira. A propósito, confirmei que o segredo da pele jovem chama-se MELANINA! Ninguém por aqui aparenta a idade certa, mas isto é conversa para outras postagens.

Bom final de semana para todos.

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Moçambique, um país a ser descoberto

Tendo um pai que adorava saber detalhes sobre os lugares, não poderia deixar de lado os fatos históricos. O texto a seguir foi feito a partir de leituras e conversas com colegas de trabalho. Observem que está escrito em Português Moçambicano. Ainda não consigo escrever como eles, pedi a um colega para fazer a "tradução".
A penetração portuguesa em Moçambique, iniciada no início do século XVI, só em 1885 — com a partilha de África pelas potências europeias durante a Conferência de Berlim — transformou-se numa ocupação militar, com a submissão total dos estados ali existentes, levando, no início do século XX, a uma verdadeira administração colonial. Aos moçambicanos foi imposto o idioma português e, mesmo sem que houvesse um regime de escravidão, foram obrigados a fazer serviços pesados na abertura de estradas e extração de minérios.
Houve resistência por parte dos Moçambicanos e um desejo de liberdade foi contaminando o povo. Com isto, três grandes grupos (UNAMO, UDENAMO e MANO) (de forma individualizada e desorganizada) passaram a lutar a favor da independência, (cada um com sua ideologia e a seu modo). Nada conseguiram. Há 50 anos estes grupos uniram as forças e, num Congresso (o primeiro, em 1969), onde foi fundada a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo). A partir daí iniciou-se uma guerra de libertação que durou cerca de dez anos. Moçambique tornou-se independente a 25 de Junho de 1975, que coincidiu com a Revolução dos Cravos, em Portugal, a seguir à qual o governo português assinou com a Frelimo os Acordos de Lusaka (a 7/09/1974).
Com a proclamação da independência, nasce a nação denominada República Popular de Moçambique. É instituído no país um regime socialista de partido único, cuja base de sustentação económica viria a degradar-se, progressivamente, até à abertura feita nos anos de 1986-1987, quando foram assinados acordos com o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional. A abertura do regime foi ditada pela crise económica em que o país se encontrava e pela guerra civil que o país atravessou entre 1976 e 1992.
Na sequência do Acordo Geral de Paz, assinado entre os presidentes da República Popular de Moçambique e da Resistência Nacional de Moçambique - Renamo, o país assumiu o pluripartidarismo, tendo tido as primeiras eleições com a participação de vários partidos em 1994. Após estas primeiras eleições, é feita uma revisão à constituição do país e adoptada uma nova designação, passando de República Popular de Moçambique para República de Moçambique.
Para além de membro da ONU, da União Africana e da Commonwealth (Comunidade das Nações), Moçambique é igualmente membro fundador da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral e, desde 1996, da Organização da Conferência Islâmica.
Bem, optei por dar uma aulinha de história para que possamos compreender algumas coisas por aqui. O país é muito novo, há apenas 20 anos vive em paz e na busca do crescimento. Percebo o país com um misto de passado, presente e em busca do futuro. Temos por aqui problemas de pobreza absoluta (em combate cerrado), desnutrição crónica, pouca produção de alimentos e um alto índice de analfabetismo. É curioso, pois verificamos no país todas as facilidades do mundo moderno: telefonia móvel, internet, etc, convivendo com hábitos e tradições mais antigos. Registe-se que o país está a atravessar um dos grandes momentos de recuperação económica, em tão curto espaço de tempo.
Outra característica é mistura de etnias. Vemos a caminhar nas ruas, negros, brancos, mulatos, indianos, asiáticos e árabes. Também há o convívio entre as diversas religiões: católica, protestante, espírita (kardecista), muçulmana e hinduísta.
Bem amigos, estas são as minhas primeiras impressões sobre o país. Devo lembrar que, por enquanto, só conheço a capital – Maputo. Em breve estarei fora, em trabalho, e conhecerei províncias (estados) de norte (Nampula), Centro (Manica e Tete) e sul (Gaza) do país. Aí poderei contar-lhes mais alguma coisa.
Despeço-me como os moçambicanos: cordiais saudações.  
Obs.: Meu siceros agradecimento ao Sr. Marcelino Matola, meu professor da cultura local e, eventualmente, o tradutor para dos meus textos para o português moçambicano.